Nos dias atuais, é
comum vermos mulheres que se destacam graças a seu talento e á sua capacidade
de trabalho em áreas até então reservadas apenas aos homens.
Mas em outros tempos,
isso era quase impossível de acontecer. Afinal de contas, como rainhas do lar,
era bem difícil entrar para a história... Apesar disso algumas mulheres conseguiram
essa façanha.
MADAME CURIE
Eles se conheceram em
1894. Ele Pierre Curie, cientista francês; ela, jovem estudante polonesa, Marie
Skolodvska. As afinidades profissionais aproximaram os dois que logo se
casaram. Já que decidiram assumir as duas responsabilidades: cuidar da família
e seguir a carreira cientifica.
Pierre Curie e Marie Scolodvska,
dois jovens e promissores cientistas.
Juntos, montaram um
pequeno laboratório onde faltava tudo. Mas foi ali que Marie iniciou suas
pesquisas com o Urânio (minério radioativo), que despertaram a atenção do
físico francês, Henry Becquerei, professor da Universidade de Sorbone, que lhe cedeu um minúsculo
laboratório gelado no inverno e sufocante no calor. Foi então que Pierre, fascinado
pelas pesquisas da esposa, juntou-se a ela, abandonando seus próprios estudos
sobre os cristais.
Pierre abandonou seus
próprios estudos e juntou-se a Marie na pesquisa de elementos radioativos.
Um dia, ao examinarem
a radioatividade do Urânio, descobriram a existência de dois novos elementos: o
Polônio mil vezes mais radiativo que o Urânio (assim batizado em homenagem à terra
de Marie, a Polônia); e o segundo e mais importante elemento, o Rádio, um
milhão de vezes mais radiativo que o Urânio.
O RÁDIO
O minério é um pó
branco que lembra o sal de cozinha (Cloreto de Sódio, NaCl), mas que é capaz de
façanhas incríveis: alguns miligramas de rádio tem a luminosidade suficiente
para que se possa ler; queima placas fotográficas virgens através do papel
preto (onde a luz não penetra); colore de violeta os recipientes de vidro etc.
Mas sua maior proeza
é devido a sua utilização no tratamento de doenças até então consideradas incuráveis,
pois a partir de sua descoberta foi possível a invenção do aparelho de Raio X.
Doenças como a
Tuberculose, a Pneumonia, o Câncer, passaram a ser tratadas. E anos depois
surgiria a Energia Atômica, que sem a descoberta do Rádio não teria sido utilizada.
A FAMA
Depois de descoberto
o Rádio, Marie passou mais de quatro anos tentando isola-lo, para que a
comunidade cientifica o reconhecesse oficialmente e suas propriedades pudessem
ser utilizadas. Era preciso definir seu peso atômico. Isso foi obtido após 45
meses de incansável trabalho.
Apesar da pobreza, e
do sonho do casal de um dia possuir um laboratório próprio, o casal se recusou
a registrar a patente que lhes daria uma porcentagem do processo de extração e enriquecimento do Rádio em qualquer
parte do mundo.
“Se nossa descoberta
tem futuro comercial é puro acidente, do qual não devemos tirar proveito; a
patente seria contrária ao espírito cientifico,
depois o Rádio vai ser de incalculável utilidade do tratamento de
doenças. Impossível procurar lucro com isso.”
Em abril de 1906,
Pierre foi atropelado por uma carruagem e morreu. Saudosa de seu companheiro,
Marie morreu em vida e só voltou a viver quando aceitou o convite para
substituir Pierre em sua cátedra, feito pela Faculdade de Ciências por
unanimidade. Vitória! Era a primeira vez que uma mulher lecionaria em Sorbone.
Durante a I Guerra
Mundial, Marie se dedicou ao feridos, empenhando-se em obter material de Raio
X junto as mineradoras e laboratórios.
Ela precisava localizar de modo preciso balas e estilhaços de granada no corpo
dos feridos. Trabalhou diversas vezes no front, sem nunca queixar-se do efeito
nocivo dos raios X sobre sua saúde. Examinou mais de 1 milhão de feridos. Era
uma mulher de muita fibra.
Madame Curie (segunda
a direita) durante a I Guerra, treinando enfermeiras nas técnicas de radiografia.
Madame Curie fez
várias viagens. Esteve no Brasil, no Rio de Janeiro, onde realizou
conferências. De volta a França, morreu aos poucos. E por ironia do destino,
vitima do mesmo Rádio que tantas vezes restaura a saúde de tantos homens e
mulheres condenados.
Afinal de contas,
foram 35 anos respirando Rádio, nos tempos das pesquisa, sem conhecer os riscos
e perigos oferecidos por este material. Mas, temos a certeza, se ela pudesse
escolher o tipo de morte, teria escolhido este: morrer por uma causa a que
dedicara os melhores anos de sua vida em ajudar a humanidade.
Madame Curie, uma
grande heroína da vida real.
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