PRINCESA ISABEL
A MENINA E A MOÇA
Isabel
Cristina Leopoldina Augusta Micaela Gabriela Rafaela Gonzaga de Bragança, a
Princesa Isabel, filha de D. Pedro II e
de Teresa Cristina, tinha apenas quatro anos quando foi proclamada herdeira do
trono; aos 14 anos, diante do senado, fazia o juramento como futura Imperatriz
do Brasil.
Ao
completar 18 anos, vê chegar ao Rio de Janeiro dois jovens pretendentes:
Augusto, Duque de Saxe, e Gastão de Orleans, Conde d’Eu, ambos netos de Luis
Felipe de França.
O primeiro veio para casar-se com Isabel, o segundo para
unir-se a Leopoldina Tereza Francisca Carolina Micaela Gabriela Rafaela Gonzaga
de Bragança e Bourbon, irmã mais nova da princesa Isabel.
Mas,
ao primeiro contato, os casais sentiam que estavam trocados: Isabel preferia
Gastão (que preferia Isabel) e Leopoldina sentia-se melhor com Augusto ( e ele
com ela). A troca foi oficializada quando D. Pedro II e o Duque de Nemuors, pai
de Gastão, deram o consentimento.
Então
no dia 15 de outubro de 1864, Isabel e Gastão se casaram. A cidade toda correu
para ver a passagem dos noivos e o desfile de carruagem da Quinta da Boa Vista
ao Largo do Paço Imperial.
O casal Isabel e Gastão
Quando
o padre terminou a cerimônia, o imperador entregou ao Conde d’Eu várias
condecorações: a de D. Pedro I, a da Rosa, de Cristo, de S. Bento e de S.
Thiago. E naquele mesmo di Gastão foi feito Marechal do exército brasileiro.
O
contrato nupcial rezava que ele teria o título de imperador quando Isabel
subisse ao trono, mas não tomaria parte do governo.
Em
dezembro, sua irmã Leopoldina casou-se com Augusto e o Paraguai invadiu o
Brasil.
O casal Leopoldina e Augusto
O
Conde d’Eu insiste com D. Pedro II, para ir a guerra, mas o imperador nega sua permissão,
pois sabe que a oposição não suportaria que um estrangeiro comandasse os
brasileiros durante a batalha.
O
conde ainda não sabia que aquele era o começo da perseguição política que ele
sofreria durante toda a sua permanência no Brasil.
Uma
das coisas que mais chocava o casal era a situação dos negros no Brasil: não se
podia matar um escravo, mas podia-se deixa-lo passar fome até que morresse; era
comum separar-se a mãe dos filhos, o marida da mulher, e quando os escravos
estavam velhos e imprestáveis eram simplesmente ignorados. Se porventura algum
deles fugisse, os capitães -do-mato caçavam-nos cruelmente.
Mas
muitos morriam antes de alcançar os quilombos e, se um dia voltassem à fazenda,
eram horrivelmente castigados.
A NEGRINHA DO CARNAVAL
Recepção
no Paço Imperial. O engenheiro Rebouças, mulato, convida uma das damas da corte
para dançar, mas ela se recusa e muitos assistem à cena com risinhos abafados.
Humilhado, o pobre engenheiro caminha para a porta de saída quando o Conde d’Eu
se aproxima e lhe comunica que a princesa Isabel o havia escolhido para abrir a
dança.
Engenheiro Rebouças
Foi
um verdadeiro escândalo! A branca e sedosa princesa - que já havia escandalizado a Europa num traje
de negrinha durante as festas de Carnaval
– dançando com um negro...
A IMPERATRIZ
Um
dia, durante uma viagem a Europa, sua irmã Leopoldina adoeceu e morreu de Tifo
em Viena. Arrasado, seu pai, o imperador D. Pedro II, e sua esposa partiram
para a Europa ao encontro dos netos, malgrado os gritos da oposição contra a
viagem da família real – o país mergulhara na crise pós guerra contra o
Paraguai. Com apenas 25 anos, Isabel era a regente do Império!
E sua
primeira tarefa como regente foi se recusar a aceitar a quantia que tinha
direito como chefe do governo. Enquanto isso, o ministro Rio Branco decidia no
Parlamento que, na ausência do Imperador, os poderes da princesa seriam os de
uma verdadeira rainha.
Ministro Rio Branco que elevou Isabel ao status
de rainha
Junto,
Isabel e seu ministro, sustentavam na Câmara a Lei do Ventre Livre – todos os
filhos de escravos que nascessem daquele dia em diante nasceriam livres. Foi
uma luta árdua.
Mas,
por mais que alguns políticos, como o romancista José de Alencar (autor de
Iracema), lutasse tentando embargar o projeto, a lei foi aprovada com apenas
quatro votos contra.
A OPOSIÇÃO
Dez
anos de casada e finalmente Isabel esperava uma criança. Mas a linda menina
morreu instantes depois do parto. Nova gravidez e nasce Pedro de Alcântara Luis
Felipe Maria Gastão Miguel Maria Rafael Gonzaga. Isabel, feliz da vida, prefere
ignorar os comentários ferinos liderados pelos seus inimigos da maçonaria: por
que a princesa se importara o Dr. Depaul, médico francês, através de uma grande
soma em dinheiro? Será que ela não confiava nos médicos brasileiros? As tendências
republicanas que se acirravam contra a monarquia aproveitaram-se para atacar
sobretudo o Conde d’Eu, a quem acusavam de influir na política. Era chamado de
estrangeiro.
A TERCEIRA E ULTIMA REGÊNCIA
A doença
de D. Pedro II levou-o de volta à Europa para tentar a cura. Isabel assumia a
sua terceira regência. Na política, a lei Saraiva dava alforria aos velhos
escravos, mas o povo brasileiro queria a abolição. Só os fazendeiros e senhores
rurais eram contra. Isabel estava decidida: do dia 8 de maio de 1888, às 14
horas, o Ministro da Agricultura, Rodrigo e silva, apresenta, por ordem de Sua
alteza Real, à Princesa Imperial Regente, a seguinte proposta:
Artigo
1. É declarada extinta a escravidão no Brasil.
Artigo
2. Revogam-se as disposições em contrário.
No
dia 13 de Maio de 1888, o projeto foi aprovado. Emocionada, Isabel assinou a Lei Áurea, que libertaria mais de 1
milhão de escravos brasileiros. Da sacada do Palácio comunica ao povo a grande
notícia. Foguetes espoucaram, sinos replicaram, o povo explode em entusiasmo.
Quando
a princesa chegou a Petrópolis é recebida por uma chuva de flores, foguetes e
vivas. Ao lado do povo, ela segue seu caminho à pe até o palácio. A frente do
cortejo, ex-escravos carregam tochas para iluminar o caminho.
O
Brasil jamais esqueceria esse dia e por isso o nome da Princesa Isabel entrou
para a história como: Isabel, a
Redentora.
ISABEL, A REDENTORA