Antes de entrarmos no assunto do licenciamento do Fantasma que iremos tratar neste artigo, queremos deixar definido a diferença entre: Direito de Publicação e Licenciamento de um personagem.
Uma editora qualquer pode obter um contrato com direito para publicar determinado personagem, fazer a tradução se necessário, e adaptar o material para seu tipo de publicação.
Já no caso do licenciamento do personagem além dos direitos de publicação, a editora poderá criar material novo como roteiros e desenhos, desde que respeite os conceitos básicos do personagem.
GOLD
KEY / KING COMICS / CHARLTON COMICS
KEY / KING COMICS / CHARLTON COMICS
O maior e mais conhecido caso de licenciamento nos EUA foi o da revista do Fantasma que acabou passando por estes três selos de publicação.
A série durou 73 números que foram publicados de Novembro de 1962 a Janeiro de 1977, em três diferentes editoras.
A série começou sob o selo da Gold Key, publicada pela editora “KK Publications” com uma periodicidade trimestral, mas na edição # 11 de 1965 passou a ser bimestral. Em 1966 a publicação voltou a ser trimestral e durou apenas mais dois números antes de mudar de editora. No total foram 17 revistas lançadas sob o selo da Gold Key.
A maioria das histórias foram adaptações das histórias antigas de Lee Falk lançadas nas tiras diárias dos jornais agora ilustradas por Bill Lignante. Todas estas 17 edições ostentavam capas maravilhosas pintadas por George Wilson.
"Lembro-me quando criança dessas revistas que tinham sido publicadas pela RGE (Editora Rio Gráfica) aqui no Brasil, e eu ficava um tempão analisando maravilhado cada detalhe da pintura das capas" (Sabino).
Capas do Fantasma sob o selo “Gold Key” com as maravilhosas pinturas de George Wilson
Com a saída da Gold Key a própria “King Features” se tornou o novo editor da revista, lançando a sua primeira edição em Setembro de 1966, sob o selo “King Comics” foi mantida a numeração sendo a primeira revista o # 18. A periodicidade da revista foi bimestral até o # 23 com preço de capa de 12c (centavos de dolar), em meados de 1967, quando passou a ser mensal.
A edição de # 28 foi a ultima a ser publicada com o selo “King Comics” ao preço de capa de 15c (centavos de dolar), apenas 6 edições mensais. Das 11 histórias publicadas pela King apenas uma foi ilustrada por Bill Lignante. As histórias em sua maioria era adaptações de antigas histórias de Lee Falk, na edição # 25 tivemos uma história de origem italiana da editora “Fratelli Spada” ilustrada pelo desenhista italiano Senio Pratesi. A capa dos três primeiros números desse período foram feitas por Bill Lignante e as restantes tiradas dos painéis de Sy Barry das tiras de jornais.
Capas da revista do Fantasma sob o selo “King Comics” criadas a partir dos painéis de SyBarry
A próxima editora a continuar este licenciamento foi a “Charlton Press” em fevereiro de 1969 sob o selo “Charlton Comics”. A editora decidiu continuar com a numeração a partir da ultima publicação do selo King Comics, mas curiosamente o # 29 não foi publicado e a continuação foi a partir do # 30. Este exemplar não apresentou os créditos nem da capa nem das ilustrações, os que seguiram tiveram a arte de Jim Aparo. No # 33 tivemos a arte de Pat Boyette, e Bill Lignante retornou para ilustrar sua ultima revista a de # 35. Da edição de # 39 em diante de Agosto de 1970, a arte e a capa foram de Pat Boylete. Com apenas algumas exceções as revistas apresentavam apenas três histórias curtas com sete páginas cada história. Infelizmente a arte durante esse período pode ser descrita como “lamentável”.
Apesar de uma diminuição considerável de leitores a Charlton insistiu com os trabalhos de Pat Boyette até o # 59 em Dezembro de 1973. A queda de vendas criou uma situação insustentável para a Chalton (que tinha mudado de nome para a Charlton Publications após o # 56). A editora tentou revitalizar a revista seis meses depois no # 60, buscando novos escritores e ilustradores, trazendo até novas histórias da editora italiana Fratelli Spada.
Vieram então os desenhista Dom Sherwood e principalmente o talentoso Dom Newton que contribuiu com seis histórias belamente ilustradas de 22 páginas (# 67, # 68, #70, # 71, # 73 e # 74) e com suas maravilhosas capas pintadas. Com isso as vendas melhoraram, mas não o suficiente para salvar o título do cancelamento.
Capas sob o selo “Charlton Comics” com desenhos de Pat Boyette
Capas sob o selo "Charlton Comics" com as pinturas do excelente Dom Newton
A ultima revista do Fantasma foi o # 74 que saiu em Janeiro de 1977, um dos fatores que levaram ao cancelamento foi com certeza a questão do aumento dos preços da revista que iniciou custando 12c e foi aumentando a partir do # 34 para 15c, depois 20c entre os números 46 ao 60; e 25c e 30c até o # 70, isso era comum acontecer com todos os quadrinhos norte-americanos na época; outro fator foi a perda da qualidade do material publicado, e a consequência foi uma queda vertiginosa das vendas.
Nem mesmo os esforços brilhantes de Dom Newton foram suficientes para salvar o título.
Depois disso o Fantasma na forma de revista (comic book) ficou 10 anos fora das bancas .
E assim foi mais um licenciamento deste grande personagem, até nosso próximo artigo, espero que gostem e deixem seus comentários.
Olá, amigo Sabino. Gostei muito desse artigo, parabéns pelo material tão rico em informação.
ResponderExcluirEu tenho essas publicações em inglês e não entendia por que os números entre uma editora e outra não começavam sempre do primeiro, eu achava que estava faltando algumas edições em meus scans, agora entendi perfeitamente.
Obrigado mais uma vez e continue assim, o nosso Blog Fantasma Brasil está cada vez melhor.
Abraço
Olá amigo Raminho,
ResponderExcluirFico contente que você tenha gostado e que o artigo tenha esclarecido as suas dúvidas.
Procuro sempre buscar um equilíbrio nos artigos, para que eles sejam informativos, mas sem serem muito longos e cansativos.
Um Bom Fim de Semana prá você e um grande abraço
Sabino